Homenagem a Rita Laura Segato – Por Stael Gomes
Outras terras te criaram, mas tinhas um desejo compartilhado com o Brasil de
fazer diferente, de fazer melhor. Faltava quem olhasse com tanto carinho e dissesse: “narre sua história”, porque o mundo parece ter se esquecido delas. Uma amnésia coletiva apagou quem esteve aqui primeiro, as culturas mais antigas, os saberes de corpo e alma. A vivência não é menor do que a ciência, e os índios também estão na universidade. Mas quem conta essas histórias? Faltava quem ouvisse a música latinoamericana e o choro escondido das nossas mulheres.
Mas veio Rita, com a calma, a paz, a conciliação. Presença transformadora, capaz de perceber as ausências e partir para a ação. As primeiras propostas de cotas para povos indígenas e negros, e de políticas públicas para mulheres indígenas. Sabedorias conquistando espaços. Por ela, nenhuma voz ficaria em silêncio.
Hoje, depois de tudo, só falta tua eternidade, uma existência além de nossas memórias, parte das terras onde estiveste e trabalhaste, para continuar sendo essa
mulher tão grande.
Teu potencial, Rita, só cabe no tempo do infinito, e uma vida inteira ainda é pouco. Fica, e mostra-nos como escrever nossas próprias histórias e ouvir as dos outros