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Homenagem a Célia Xakriabá – por Sthael Gomes

Quando você se entende como corpo-território, percebe cada toque como possível invasão. Quem defende essa propriedade privada? Os olhares são como armas apontadas para mim. Senti meu corpo queimar a vida toda: de medo, vergonha, raiva e desejo. Minha fogueira não se apaga. Sou filha da Mata Atlântica, cria do Cerrado, o fogo constante me fere, mas também faz brotar minhas sementes. Tentam recobrir nossa identidade, mas as forças ancestrais me ensinaram a fazer as pazes comigo e isso é tudo que preciso para entender melhor o mundo e continuar a vida. Mulheres indígenas, brasileiras. Nós insistimos na festa, mas não esquecemos que ainda estamos em guerra. Sabemos bem, não dá para viver só de luta o tempo todo.