Homenagem a Uruanan – Por Eduardo Theodoro
É engraçado ver como o tempo passa e molda nossas histórias. Ser marginalizado
pela sociedade é uma luta constante, nos leva a passar por diversos caminhos, alguns bastante complicados. Enquanto isso, a vida não se mostra fácil ou parece dar trégua. Quando se vai por um caminho não tem volta, somente aprendizados.
Trabalho desde novo para botar comida em casa. A família é grande e a desigualdade também. A labuta, penosa. O dia a dia, cansativo. A escrita foi meu conforto, até não ser suficiente. Nesses momentos, entramos em caminhos tortuosos. Achei novo conforto, a dependência me achou. Mas acredite, até nos caminhos mais sombrios há luz. A oportunidade me encontrou na universidade.
Não gosto de dizer que superei a dependência, mas hoje sei conviver com a situação. Após passar por um tratamento intensivo no HUB, consegui um emprego na equipe de limpeza do hospital. A partir desse momento, busquei seguir em frente e venho seguindo desde então. Me liguei à UnB e continuo apertando laços com ela.
A universidade vai muito além de ambiente de aula. É lugar para formar caráter,
construir ideias, pensar o mundo. Eu fiz e faço parte disso. Vi a universidade crescer, cresci com ela. Muito mais que prédios, vejo histórias. Vi as vidas moldadas pela universidade, sou uma delas e ajudo tantas outras.
Hoje a escrita é minha companheira e a luta também. Afinal, se eu não me
preocupar com o mundo em que vivo, quem vai?