Homenagem a Cristiane Sobral – por Isadora Lima
Aprendi a escrever com uma mais velha,
professora do jardim
de infância.
Lembro-me dela
ensinando a escrever
meu nome.
Cravou as letras tão fortes
no papel branco.
Acabou rasgando, abrindo uma fissura bem no meio do espaço.
No meio do tempo.
Atravesso pelos rasgos abertos por outras, me espremo e
passo.
É preciso afirmar-se.
Quem não se afirma não se escreve-inscreve.
Não existe.
Em meio ao papel branco
apunhalo a borracha colonizadora.
Verbo é carne, corpo e vivência.
É preciso crer nas rasuras.
Na ruptura de paradigmas e
nas vozes que ressoam
de cada tinta sangue
lançada em
negrito
no branco.