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Homenagem a Edileuza Penha – por Daniel da Silva

Me vejo em muitos lugares
Em muitas condições e posições na vida
lavadeira, cozinheira, quebradeira, dançarina,
arquiteta, matemática, astronauta, cineasta
Cineasta do meu próprio filme e de muitas outras Edileuzas
avós, mães, filhas, irmãs, amigas
Que também têm o direito de amar
Nem tudo nessa vida são dores, sabia?
nem toda Edileuza tem que viver só para trabalhar para os outros
Viver para cuidar dos outros, e não ter tempo para si
Viver dentro de uma caixa, como as telas que têm a mania de me encaixar só nas dores e em uma posição tão submissa
Edileuza não vive só de dor
O toque despretensioso e afetivo sempre foi negado a essa pele preta
Meu corpo traz memórias inegáveis em cada pedaço, de tempos distantes e nas cicatrizes atuais
Também sou amor, despretensioso e intencionado
por isso filmo as Edileuzas que as telas não mostram
Esse espelho filmado por mim mostra várias Edileuzas, e não só uma e singular referida no plural como homogêneo
O espelho da vida real não reflete só a imagem filmada por Narciso, ou as que ele quer
tentamos falar baixo, fingiram não escutar
As nossas histórias, vou contar e filmar, a partir de nós