Homenagem a Isaac Roitman – por Mônica Nogueira
Foi pelas mãos de Darcy que aqui cheguei, em 1972. Mestres são como faróis, nos apontam caminhos. Assim foi Darcy com relação à universidade e ao papel da educação.
Anos antes, o facho luminoso de outro professor, no curso de odontologia da PUC de Campinas, permitiu que eu ajustasse a minha rota àquela altura. Fiz-me doutor, como desejava a família judia, mas sem arrancar um dente que fosse de boca alheia!
Doutorei-me em microbiologia em 1967. Dali em diante (e sempre), passei a seguir a luz de Celina, companheira de toda uma vida para viver e partilhar. Ela também, professora. Pois, vejam vocês a minha sina!
Nós forjamos nesses encontros. Desejei ser mestre, capaz de despertar a curiosidade de outros, a inquietude que nos mantém despertos para a realidade e a renovada disposição para criar.
Nessa jornada, a Universidade de Brasília foi nau, escola, laboratório e morada. Aqui aprendi: além da docência, era necessário gerir a instituição, a política de pesquisa e de educação.
Fui chefe de departamento, decano, cofundador do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (Ceam). Longe, cheguei a ser reitor de outra universidade, mas o nascimento da primeira neta, Sofia, me trouxe de volta à cidade.
Atuei em agências nacionais de pesquisa e pós-graduação. Conhecer a engrenagem por inteiro me fez compreender: sem a educação básica, pouco pode a universidade. Então, no CNPq, pude criar o Programa de Iniciação Científica Júnior dirigido a estudantes do ensino médio.
Passados mais de 40 anos, a educação segue sendo uma urgência no Brasil e essa constatação, ao lado da minha constante atração pelo novo, me mantém em marcha.
Os tempos presentes apresentam novos desafios, outras tecnologias de comunicação e informação e uma pandemia – assunto, que creiam, os microbiologistas dominam.
Mas há igualmente princípios e projetos de emancipação que não só ainda não foram plenamente realizados, como se veem ameaçados de retrocessos. Há urgências em educação, como a simples valorização de mestras e mestres, faróis que são em tempos incertos, não por nos oferecerem respostas, mas por nos provocarem a imaginar futuros, que nos redimam de um triste passado.