Decálogo de Magno Reivax – Por Cláudio Passos Oliveira
Nascido nas mãos construtoras desta capital, crescido à sua órbita, avança, rasga cortinas espessas. Busca sôfrego o outro lado de tudo.
O teatro. O palco. Sobe, desce. Seu segundo nascimento.
Escola pública, universidade pública, teatro público. O público apoia, hostiliza, passa, para, ri, aplaude. Suas ruas sem cortinas.
Antes houve o gay menino, as fugas da escola, o vagar pelo sol do cerrado, as reprovações. Houve o pó da fábrica de cimento, as notas do caixa do banco, as planilhas contábeis. Resquícios do que não era.
Mergulha, desvenda-se, vira Xavier do avesso: Reivax, o vagabundo à deriva, o palhaço, seu melhor quinhão.
Lúdico, agregador, agitador, transgressor: suas sempre magnitudes.
Soluça projetos incontáveis, não consegue parar. Nem quer. Nem pode. Nem sabe. Tantas cortinas a romper, tantos lados de lá.
Rei de si, pedala ruas, dança banquetas, piruetas, cochila caixas. Desfruta do poder dos gestos silenciosos. Seus pasmos arregalados.
Tantos palcos de chão, de pedra, de pó. Centenas de olhos já a lhe rodear. Este centro que não deve ser. Sai de cena: a roda gira, gira, gira. Veste seu melhor sorriso de palhaço silente. Magno, Assis. Nos assiste.
